Percevejo, a paranoia do momento entre viajantes
por Adriana Setti em 4 de dezembro de 2012O mapa do percevejo nos Estados Unidos
Esses dias, uma amiga me contou uma história de terror. Em um albergue de Buenos Aires, acordou com picadas extremamente incômodas e inchadas. Conversou com suas companheiras de quarto e notou que todas estavam com o mesmo problema. Ao comunicarem à direção dohostal, foram sumariamente expulsas. Para os donos do estabelecimento, uma delas havia trazido o temido percevejo (beg bug em inglês, chinche, em espanhol). Desnorteada e humilhada, minha amiga saiu com sua mochila por Buenos Aires, a procurar um novo albergue. E, para seu espanto, seu nome havia caído em uma lista de negra dos hostales de Buenos Aires — ninguém a aceitou como hóspede, por considerá-la “infestada”. O jeito foi, então, recorrer a um bed & breakfast, onde abriu o jogo com a dona que, enfim, a acolheu e ajudou (ciente do risco que corria), lavando todas as suas roupas e também a mochila, para que ela se livrasse da praga, que não resiste ao calor da secadora.
A reação dos albergues de Buenos Aires é chocante. Mas tem razão de ser. Os percevejos são considerados a grande praga do momento e, principalmente nos Estados Unidos, estão causando graves problemas econômicos e sociais. Não se trata apenas das desagradáveis picadas. O grande perigo é que a pessoa carregue o inseto na mala, ou em suas roupas, para dentro de casa. Uma vez instalado, o percevejo se reproduz com velocidade espantosa e é dificílimo de ser eliminado. Resistente a grande parte dos inseticidas, os bed bugs são o desafio do momento para empresas de controles de praga que, muitas vezes, simplesmente não conseguem resolver o problema. Em casos mais graves, as pessoas são obrigadas a abandonar o próprio lar, deixando tudo (móveis, roupas, livros) para trás. Isso porque, acredite: é impossível dividir o mesmo teto com um inseto que pica incessantemente. A coceira pode levar à loucura.
Para ser sincera, até ouvir o relato da minha amiga, tentava acreditar que o problema não era tão grave assim. Mas os fatos são cruéis. Em cidades como Nova York, a maior loja da Nike e uma das lojas da Victoria Secret tiveram de ser interditadas. O número de hotéis afetados é espantoso, e até o lendário Waldorf Astoria teve problemas. Uma vez alojados na bagagem dos viajantes, esses bichinhos horripilantes estão viajando pelo mundo e já causam problemas na Europa, em Buenos Aires e várias outras partes do mundo.
Aqui na Europa, há rumores que passageiros foram picados em aviões da RyanAir. Os albergues do caminho de Santiago também são famosos pelos casos de chinches. Uma grande amiga sentiu isso na pele. E o percevejo só não arruinou a sua viagem porque ela conseguiu encontrar o maldito escondido na sua roupa e o matou na unha.
É ou não é a paranoia do momento? (Estou com coceiras só de escrever este texto).
Fique atento com as dicas abaixo:
Pesquise sobre o seu hotel
A presença de percevejos (bed bugs) tem sido alardeada com escândalo, quando é o caso, em sites como o TripAdvisor. Você ainda pode checar o nome do seu hotel no Bed Bug Registry, um site que copila as reclamações sobre estabelecimentos nos Estados Unidos e no Canadá.
Tenha em mente que limpeza ajuda, mas não é garantia
Obviamente um hotel limpo tem menos chances de estar infestado de percevejos. Mas eles estão longe de ser “privilégio” dos lugares decrépitos. Até suprassumos do luxo (como o Waldorf Astoria de Nova York) já tiveram problemas.
Faça uma pequena vistoria antes de desfazer a mala
Levante o lençol, arraste a cama, cheque os cantinhos da estrutura da cama e a parte de trás da cabeceira. Cheque as pequenas reentrâncias do colchão. Vários tutoriais no youtube ensinam como fazer uma vistoria completa. Você ficará louco se segui-los à risca. De qualquer forma, não custa nada dar uma olhada para ter uma ideia. Clique aqui para ver um deles.
Cheque a sua mala com cuidado ao ir embora e evite sempre apoiá-la sobre a cama.
Neste caso, se você for picado, pelo menos não levará o bicho de brinde com você. Este site chega ao ponto de recomendar deixar as malas no banheiro! Mas, cá entre nós, se for para ficar tão neurótico é melhor ficar em casa. Não?
Coçou, lavou
Se notar picadas ao sair de um hotel, mais vale lavar toda a sua roupa em uma lavanderia pública antes de voltar para casa. Os percevejos não resistem ao calor da secadora.
Tente não entrar em parafuso
A picada do percevejo costuma inchar e coçar horrivelmente. Não a confunda com qualquer picadinha de pernilongo e saia por aí incinerando as suas roupas.
Fonte: viajeaqui.abril.com.br
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